OBJETIVO: Identificar os indicadores de hemorragia letal em vítimas de trauma penetrante de tronco, admitidas com hipotensão arterial sistêmica e analisar sua aplicabilidade na seleção dos candidatos ao "controle de danos". MÉTODO: Foram analisadas informações sobre 74 vítimas de ferimentos penetrantes exclusivamente de tronco, admitidas com hipotensão arterial sistêmica secundária à hemorragia, que sobreviveram até o tratamento definitivo. Os dados foram coletados prospectivamente durante dois anos. A média etária foi 29,5 + 8 anos, e 62 (83%) pacientes eram do sexo masculino. Trinta e nove (52%) foram vítimas de ferimentos de instrumentos perfurocortantes e 35 (47%), de ferimentos por projéteis de arma de fogo. Houve 23 óbitos (31%), 19 por hemorragia (82,6%). Os que faleceram por hemorragia foram incluídos no grupo H e os outros no grupo O. Foram comparadas diversas variáveis entre os grupos, utilizando-se o teste t de Student (controlado pelo teste de Levene) e a correlação de Spearman, considerando p<0,05 como significativo. RESULTADOS: As variáveis de maior correlação com hemorragia letal foram a pressão arterial sistólica no início da operação (<110mmHg), o pH arterial no início da operação (<7,25), a resposta à infusão endovenosa de líquidos à admissão (choque persistente) e o volume de concentrados de hemácias transfundido durante a operação (>1.200ml). Através de um modelo de regressão logística foi possível calcular o risco de morte por hemorragia baseado na pressão arterial no início da operação e volume de concentrados de hemácias transfundido. CONCLUSÃO: A análise dos indicadores de hemorragia letal fornece dados objetivos para a indicação do "controle de danos".
OBJECTIVE: To identify predictors of death due to hemorrhage in patients sustaining penetrating trauma to the torso admitted in shock. METHOD: Data was prospectively collected from Dec 1996 until Dec 1998. Patients presenting penetrating wounds from clavicles to inguinal ligaments, admitted with a systolic blood pressure (SBP) < 90mmHg were included. Those who died due to massive hemorrhage compounded group H and the others, group O. Variables were compared between the groups. Statistical treatment involved a multivariate analysis with Spearman dispersion, considering p<0.05 as significant, and a logistic regression. Seventy-four patients met the inclusion criteria. There were 62 males (83%), and the mean age was 29 + 8 years. The mean RTS, ISS and TRISS were respectively 5.4 + 2.1, 18 + 8 and 80 + 30. Nineteen died due to massive hemorrhage. RESULTS: The main predictors of lethal hemorrhage were: persistent shock despite volume replacement, systolic bood pressure in the beginning of the operation < 110mmHg, arterial pH < 7.25 in the beginning of operation, necessity of more than 1200ml of packed red blood cells during the operation and presence of vascular injury with AIS > 2. CONCLUSION: The risk of death due to hemorrhage can be assessed objectively. Based in this information, the selection of the patients for damage control becomes more objective and reliable.